quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Fruto do Espírito Santo (por John R.W.Stott)

Eu comecei por alistar as nove qualidades cristãs que em conjunto perfazem o "fruto do Espírito", e mencionei que a simples relação destas qualidades é suficiente para despertar o apetite espiritual dos cristãos. Na verdade, para mim é ponto pacífico que todos temos "fome e sede de justiça" (Mat. 5:6; 6:33). Vimos também três razões pelas quais estas qualidades são chamadas de fruto do Espírito. Para concluir, devemos tirar uma lição de cada uma.
Em primeiro lugar, já que a semelhança a Cristo é de origem sobrenatural, precisamos ter humildade e fé – a humildade para reconhecer que nós não podemos produzir esta colheita por nós mesmos, e fé para crer que Deus pode fazê-la amadurecer em nós como fruto do Espírito. Por isto Jesus ensinou: "Permanecei em mim, e eu permanecerá era vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira; assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim" (João 15:4). A santidade começa com a auto-desilusão, porque a fé também nasce somente com auto-desilusão. Não confiar na carne, porque estamos convictos de que nela "não habita bem nenhum" (Rom. 7:18), é uma pré-condição essencial para confiar plenamente no Espírito.
Em segundo lugar, já que a semelhança a Cristo tem um crescimento natural, desde que disponha das condições adequadas, precisamos ter disciplina para garantir que as condições estarão disponíveis. Só se pode colher o que foi semeado. Precisamos semear com dedicação, o que significa cultivar hábitos disciplinados tanto na área do pensamento (concentrando nossa mente no que é bom), quanto na área da vivência (não por último na meditação diária na Palavra de Deus e na oração). Crescimento natural é crescimento condicionado. Se formos conscienciosos em fornecer as condições, o crescimento haverá de ser abundante. Se cuidarmos das sementes, o Espírito Santo cuidará do fruto.
Por último, já que ser semelhante a Cristo vem de um amadurecimento gradual, precisamos ter paciência para esperar. Podemos até chamá-la de "paciência impaciente", porque por paciência eu não entendo resignação. Todo jardineiro, todo agricultor, cada pessoa que vive em contato com o solo sabe que é preciso ter paciência. Não há sentido em querer mudar a ordem das estações ou as leis de crescimento que Deus estabeleceu. Corno Tiago escreveu em um contexto diferente: "Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas" (Tia. 5:7). Ele estava recomendando uma espera paciente da vinda do Senhor, mas ele, da mesma forma, poderia ter aplicado a mesma metáfora para uma espera paciente pelo fruto do Espírito. Como vimos, precisamos preencher as condições, mas depois devemos "esperar a vinda do Senhor" e buscar nEle com expectativa o amadurecimento do fruto, até que, afinal, venha o dia da colheita de um caráter cristão maduro nesta vida e semelhança completa com Cristo na próxima.

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